quarta-feira, 21 de abril de 2010

verdades de espelho



Vejo-me no espelho e temo. Tenho medo do que se esconde dentro de mim, atras dos olhos, entre as epidermes,... na minha sombra contida entre meus sonhos e o meu futuro. Tudo dentro de mim, do sangue a alma, do gozo a lágrima, é estranho. Como posso carregar em mim tamanho vazio de mim mesmo. Olhando nesse espelho permito deslumbrar em detalhes o meu rosto que so me revelam tristezas.

Assusto-me! ... percebo que não sou bastante, nem algo na medida certa. Percebo em pouca sabedoria, curiosidade de iniciante, que sou apenas acumulos de circunstancias. Jamais fui algo que escolhi... nunca sou! Transbordo pelas mares: sou água parada.

Retenho na minha imagem um sorriso forçado, trago à minha face as minhas mãos e toco sem brandura. Sinto que agora perdi minha juventude, agora conheço o segredo da morte: nunca mais o gosto da imortalidade, nunca mais a eternidade. Sou velho e pura circunstancias.

Tento segurar as lágrimas. Mas elas me afundam... e estou eu devolta na maré... esperando a salvação... sem ar... As minhas mãos se tocam e se estranham. Elas esperavam outras mãos de almas mais nobres.

Sim, é verdade, olhei-me no espelho e temi profundamente o que vi e o que não vi. E com cuidado lanço ao meu reflexo o bafo da tumba e escrevo com o dedo: "Salvem-me!".

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